Autores: THIESEN, B. V. ; MIRANDA, C. S.
Apresentador (a):CHARLES DA SILVA DE MIRANDA
Orientador (a): BEATRIZ VALLADÃO THIESEN
Instituição: FURG
Área: 7.04.03.00-7 - Arqueologia Histórica
Título: PESQUISAS, DIAGNÓSTICOS, ACOMPANHAMENTOS DE OBRAS E SALVAMENTOS DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
Resumo: O projeto objetiva recuperar os testemunhos materiais remanescentes de grupos humanos do passado através da realização de pesquisas, diagnósticos, acompanhamentos de obras e salvamentos de sítios arqueológicos em áreas impactadas, visando a proteção e valorização do patrimônio arqueológico pré-colonial e histórico.
Entre os trabalhos que estão sendo realizados no âmbito deste projeto, destacamos a escavação realizada no prédio da Antiga Intendência de São José do Norte, que está sendo restaurada com o patrocínio da CEEE.
O município de São José do Norte está situado no litoral sul e possui uma das menores arrecadações e o maior índice de analfabetismo do Estado. Durante o período colonial e até o início do século XX, foi uma cidade próspera. Porém, atualmente, o quadro econômico é desolador.
O prédio da Intendência serviu para abrigar as sessões do Conselho Municipal, sessões do júri, arquivo e presidio municipal, constituindo o símbolo do desenvolvimento econômico e social da cidade.
Construída em 1898, foi sede da administração do município de São José do Norte sob o governo do Intendente Francisco José Pereira.
Projetado em estilo eclético pelo francês Constant Mithelin, o prédio é ricamente decorado, seu foro foi pintado com motivos de tapeçaria oriental e suas paredes revestidas de escariolas.
A construção do prédio representava, em parte, a expectativa de desenvolvimento sócio-econômico regional que se vislumbrava com a concretização dos Molhes da Barra do Estado do Rio Grande do Sul, dinamizando a economia.
Numa iniciativa de um segmento da comunidade nortense, através do Instituto Histórico e Geográfico de São José do Norte, é que está se dando o restauro da Antiga Intendência, que veio como uma tentativa de dar um impulso ao município, transformando a estrutura abandonada e em ruínas, num centro cultural dotado de biblioteca, arquivo histórico e salão de honra da Prefeitura. O Objetivo era de, por um lado, incentivar a comunidade local a valorizar seu patrimônio e, por outro, favorecer o turismo cultural e provocar, assim, um aumento de divisas ao município.
No entanto, os responsáveis pela obra de restauração depararam-se com a resistência de uma parcela da comunidade que reclamava a inversão dessas divisas em obras consideradas mais urgentes, criticando o emprego de dinheiro no patrimônio histórico, ainda que este viesse através da LIC. Na verdade, o que surgia neste momento era um sentimento comum no seio da sociedade brasileira: o sentimento de alienação, como se nossa própria cultura não fosse , de modo algum, relevante o digna de atenção.
A noção de patrimônio está intimamente ligada a certos valores simbólicos e culturais, por meio dos quais uma sociedade se reconhece. A percepção que um ser humano tem do seu ambiente cotidiano é subjetiva e marcada pela afetividade. Assim, para que algo se transforme em patrimônio, é preciso que haja uma apropriação afetiva.
O fazer arqueológico toca num componente psicológico importante e implica, aos olhos do grande público, em “desvendar”, descobrir o que estava escondido. O arqueólogo trás à tona fragmentos do passado, e isto sensibiliza o indivíduo de qualquer segmento social. Não é por acaso que toda e qualquer descoberta arqueológica tem tanta divulgação pela mídia: a Arqueologia faz sucesso, porque toca diretamente na questão das origens da cada um de nós, portanto, na nossa identidade.
E o restauro da Antiga Intendência, está ocorrendo, justamente, por está sensibilização no público, que a Arqueologia ajuda a promover, promovendo a apropriação afetiva de estruturas e objetos onde sobrevivem os traços de nossos ancestrais, tornando-os patrimônio. Desta forma, os vestígios, as ruínas, as edificações e outras riquezas do passado tornam-se partes integrantes do nosso ambiente e da nossa vida. Eles passam a ser o nosso referencial de identidade.
A partir desta perspectiva, buscou-se através do trabalho arqueológico, provocar na comunidade a apropriação do seu patrimônio e abrir caminho, a partir desta experiência, a futuras obras de recuperação de estruturas arquitetônicas seculares existentes ali, que possam fomentar o turismo histórico, pensado como gerador de renda para o município.
Bolsa: Sem Bolsa
Tipo:INICIAÇÃO_CIENTÍFICA
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